Tibério Vargas Ramos
Lançamentos
Cinco anos para escrever “Breno Caldas”
Os três jornais, a rádio, a televisão, os veleiros, o Haras Arado, os cavalos de corrida, as fazendas, o gado, as lavouras de arroz.

Breno Caldas (1910-1989)/ Acervo

Edição capa dura, 384 páginas da Editora AGE, Porto Alegre (Reprodução)

Tibério Vargas Ramos

Tibério Vargas Ramos

As entrevistas para escrever “Breno Caldas, a Imprensa e a Lenda”, que está sendo lançado em 2024, começaram em 2018, com um agradável encontro, durante toda uma manhã, com o empresário de cargas pesadas, Jorge Vidal, em seu apartamento na Zona Sul de Porto Alegre, com vista para o Guaíba. Comodoro Emérito do Clube Veleiros, ele participava de regatas com Caldas. Vidal no Veleiro Vida e o doutor Breno no Aventura. Velejar era uma das paixões do Imperador da Imprensa do Rio Grande do Sul no século 20 e apagado da memória dos gaúchos. O livro busca resgatá-lo. O proprietário de jornais, rádio, televisão, fazendas, cavalos de corrida, gado, lavouras de arroz, veleiros.

Nasceu em 1910, assumiu a direção do Correio do Povo aos 25 anos, comandou durante 49 anos o jornal fundado pelo seu pai Caldas Jr no século 19, em 1895. O livro, que procurei escrever lembrando o texto do Correio do Povo da época, onde eu trabalhei (sucinto, claro, objetivo, a estrutura dos parágrafos, uso de aspas nas citações, mas sem abdicar do meu estilo), retrata todo este período, a falência da empresa em 1984 e a morte do patriarca na solidão da Ponta do Arado, em setembro de 1989, ainda mais amargurado pelo falecimento do filho Francisco Antônio, três meses antes, em maio, aos 51 anos.

A segunda entrevista foi com o “faz tudo”, inclusive assar churrasco, e barqueiro do doutor Breno, Rogério Christo. Foi também o segundo livro que entreguei, em sua casa, na Tristeza.

Levei cinco anos entrevistando, pesquisando e escrevendo o livro. Exauri as minhas forças. Parodiando Hemingway, procurei escrever “o melhor que posso, às vezes melhor do que eu posso”.  Não só tentei reconstituir a figura do doutor Breno, como todo o cenário da Imprensa na época em que ele viveu, além de experiências pessoais como participante desta história. As 384 páginas ainda foram revisadas durante mais de um ano, com conferência de todas as datas, cortes e acréscimos.

Adroaldo Guerra Filho, o Guerrinha da Rádio Gaúcha, falou sobre a paixão por cavalos de corrida do proprietário do Haras Arado, em Belém Novo, na beira do Guaíba, onde ele residia num enorme casarão branco com janelas verdes. Alguns familiares permitiram reconstituir a vida privada do doutor Breno, seus hábitos, sua rotina, solitário no gabinete no segundo andar da mansão, ouvindo a Rádio Guaíba, examinando documentos e lendo livros de uma ampla biblioteca com dois ambientes, lareira e vidraça para o rio. Lia não só obras em Português, mas também em Inglês, Alemão, Francês e Espanhol; ele estudou na Europa.

Muitos jornalistas e escritores que redigiam para os jornais de Breno Caldas, no século 20, foram entrevistados. Entre eles, José Antônio Pinheiro Machado (o Anonymus Gourmet), Alcy Cheuiche, Sérgio Faraco, Ibsen Pinheiro, Luiz Carlos Leiria, Liberato Vieira da Cunha, Érico Valduga. Evitei as histórias folclóricas. Poli a velha esfinge de bronze. Espero não decepcionar quem ler o livro.

Publicado em 16/3/2024
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