Tibério Vargas Ramos
Lançamentos
Breno Caldas, a lenda, o jornalismo e o século XX
"Breno Caldas" no Jornal do Comércio

Jaime Cimenti, crítico literário (Foto Divulgação)

“Breno Caldas, a Imprensa e a Lenda” (Reprodução)

Tibério Vargas Ramos, o autor (Foto Site)

Por Jaime  Cimenti, crítico do Jornal do Comércio, Porto Alegre

No século XX poucos rio-grandenses foram tão icônicos, poderosos e marcantes como Breno Caldas, que dirigiu durante quase cinquenta anos   o  Correio    do  Povo  e comandou os extintos jornais  Folha da Tarde e Folha da Manhã, além da Rádio Guaíba e da TV Guaíba. Imperador da imprensa no Sul do Brasil,foi jornalista e era formado em Direito. Caldas foi fazendeiro, criador de gado, proprietário de cavalos de corrida e de veleiro e viveu intensamente até falecer aos 79 anos, em 1989.

Breno Caldas: a Imprensa e a Lenda (AGE Editora, 384 páginas, R$159,90) de Tibério Vargas Ramos,  consagrado jornalista desde 1969, professor titular de Jornalismo e Relações Públicas na Pontifiícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul por 40 anos, novelista e  romancista, é dessas obras que nascem clássicas. O grande trabalho de Tibério teve como espinha dorsal o depoimento de Breno colhido por José Antônio Pinheiro Machado  e publicado no livro “Breno Caldas – Meio Século de Correio do Povo” pela L&PM Editores.

Tibério foi editor de Polícia do Correio do Povo de Breno Caldas e disse “ A história de Breno Caldas foi o livro que sempre sonhei um dia escrever.” Foi o que  Tibério, nascido no Alegrete em 1948, fez depois de pesquisas, entrevistas e leituras. O livro mescla bem a biografia de Breno Caldas, os acontecimentos familiares e os fatos importantes do século XX, especialmente em Porto Alegre e no RS.

Com informações detalhadas do passado , o autor rememora ambientes, situações e personagens públicos e privados que fazem os leitores viajarem agradavelmente no tempo. A reprodução de diálogos reais e  possíveis e as descrições detalhadas de locais públicos e privados revelam aos leitores como foi a vida pessoal e pública do lendário Dr. Breno e como se desenvolveu o jornalismo no RS e no Brasil do século passado.

Breno Caldas: a Imprensa e a Lenda está dividido em três grandes partes. A primeira, Gênesis,  conta as origens familiares de Breno, a criação do Correio do Povo, da Fazenda do Arado e da Folha da Tarde, além de falar na paixão de Breno pelos cavalos e veleiros.

A segunda parte, Escrituras, fala de jornalismo rigoroso, classe especial, linguagem e conteúdo, confiança dos leitores, poder, a retórica de Brossard, a proximidade com Médici, a volta de Brizola, o príncipe herdeiro Tonho Caldas , a Zero Hora , os comunistas de confiança, a batalha dos vespertinos,  memórias do  autor, o Correio repaginado e transformações nos jornais.

A terceira parte, Apocalipse, trata de conspiração, vingança , grevista arrependido, o último suspiro, a máquina elétrica, a solidão no e os últimos tempos no Arado.

Como se vê, as quase quatrocentas páginas do livro trazem um amplo panorama da família Caldas, uma retrospectiva do jornalismo do século passado e mostra as relações entre a sociedade e a imprensa, com ênfase no político.

A propósito

Sem enveredar para uma posição exageradamente encomiástica (que Breno não gostaria)  ou para um ponto de vista crítico em demasia ao Dr. Breno ( que ele também não gostaria), Tibério resgata a saga familiar , o apogeu , a glória e a falência de um reinado de 49 anos, coincidentemente o mesmo tempo de reinado de Dom Pedro II.  Tibério mostra a crise financeira da empresa e a desvalorização da moeda que levaram Breno a desfazer-se de fortunas para sonhar e  tentar salvar , ao menos,  o velho Correio do Povo. Não  adiantou. Restaram a lenda, as muitas histórias e as lembranças do autor, testemunha viva de tempos inesquecíveis. (Jaime  Cimenti, coluna Livros publicada no Jornal do Comércio de Porto Alegre)

Publicado em 1/4/2024
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