Tibério Vargas Ramos
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Tibério pede demissão após 40 anos em sala de aula para se dedicar à literatura em tempo integral
Romancista trabalhava na PUCRS desde 1972 como jornalista e professor

Redação do Site

Calouro de Jornalismo da Famecos em 1968

Calouro de Jornalismo  na Famecos em 1968 (Arquivo Pessoal)

O escritor Tibério Vargas Ramos, 68 anos, professor-titular dos cursos de Jornalismo e Relações Públicas da Faculdade de Comunicação Social (Famecos), da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), desde 1° de março de 1977, o mais antigo docente da faculdade em atividade, solicitou demissão em 6 de março de 2017. O pedido foi referendado em audiência no Sindicato dos Professores do Ensino Privado (Sinpro-RS), em 21 de março de 2017.

Foram 40 anos em sala de aula, sempre como professor-horista, nenhum regime especial, sem nunca tirar licença e não registrar faltas, mesmo enfrentando eventuais problemas de saúde e se submetendo a rigoroso tratamento dentário. Ele pediu demissão por entender que cumpriu sua missão com dedicação, responsabilidade, ética e competência, atestadas por colegas e pelas reiteradas homenagens que recebeu dos alunos ao longo dos anos, como Paraninfo e Professor Homenageado. Mesmo assim, o Curso de Jornalismo comemorou 60 anos e a Famecos, 50 anos, sem nenhuma referência a ele. “Entendi como fim de um ciclo e comuniquei aos meus superiores que iria me aposentar a partir de março de 2017”, escreveu na carta de demissão de 25 linhas, endereçada à diretora da unidade, professora de publicidade Cristiane Mafacioli Carvalho.

Assessor de imprensa da PUCRS desde 1973, aos 24 anos

Assessor de imprensa da PUCRS desde 1973, aos 24 anos (Foto Ana Bastos)

Acrescentou na correspondência: “São 45 anos de PUCRS. Entrei na Universidade em 1° de janeiro de 1972 como editor da revista Mundo Jovem. De março de 1973 a março de 1988, fui assessor de imprensa de três reitores: Irmão José Otão, Irmão Liberato e Irmão Norberto Rauch, me afastei das atividades por vontade própria. Exerci as funções paralelas ao magistério e ao trabalho na imprensa de Porto Alegre, até 1992, quando passei a me dedicar exclusivamente à docência.”

Tibério rompeu no mês de março de 2017 uma rotina de ir diariamente à PUCRS desde março de 1968, quase 50 anos, quando ingressou como bixo no curso de Jornalismo da Famecos, onde se formou em dezembro de 1971. Em janeiro de 1972, continuou na Universidade como editor do Mundo Jovem, que havia sido transferido do Seminário de Viamão para a PUC, sob a responsabilidade do Instituto de Teologia, a linha editorial, e a Famecos, a produção técnica. Em março de 1973, aos 24 anos de idade, passou a ser assessor de imprensa do reitor José Otão. Em março de 1977, aos 28 anos, tornou-se também professor.

 

Professor da Famecos de 1º de março de 1977 a 6 de março de 2017 (Arquivo Pessoal)

Professor da Famecos de 1º de março de 1977 a 6 de março de 2017 (Arquivo Pessoal)

Apesar de sempre defender a formação acadêmica continuada, Tibério nunca fez mestrado e doutorado. “Sou um prático licenciado”, brincava em sala de aula, tendo como bagagem uma longa vida profissional desde 1969 na Zero Hora, Correio do Povo e Folha da Tarde, três jornais de Porto Alegre. O Conselho de Coordenação de Ensino e Pesquisa (Cocep) da PUC gaúcha, no entanto, o levou a sério e lhe outorgou o título de Especialista, em 5 de novembro de 1996, em processo que teve como relator o Prof. Dr. Urbano Zilles, pró-reitor de Pesquisa e Pós Graduação. Quando a Universidade passou a exigir, como meta, pós-graduação ao seu corpo docente, concedeu o título de Especialista a apenas 29 professores por sua qualificação, desonerando-os da obrigatoriedade. Em 10 de dezembro de 1997, o reitor Norberto Rauch lhe entregou a Medalha Irmão Afonso.

Autor de dois romances, Acrobacias no Crepúsculo e Sombras Douradas, a novela A Santa Sem Véu e Contos do tempo da máquina de escrever, hoje Tibério Vargas Ramos passa a se dedicar exclusivamente à literatura e a atualização de seu site. Após entregar a demissão na secretaria da Famecos, em 6 de março de 2017, protocolando no balcão, Tibério foi tomar um café de despedida no bar da faculdade. Postou as fotos no Facebook com esta legenda: “O carinho das meninas para o velho guerreiro.”

Despedida no bar da faculdade, com a Jéssica

Despedida no bar da faculdade, com a Jéssica

 

A multiplicação das letras

 

A demissão de Tibério teve enorme repercussão nas redes sociais. Duas mil participações, mais de 400 comentários elogiosos e sentimentais foram registrados nos dois post em que comunicou o pedido de demissão da Famecos, como prestação de contas a várias gerações de jornalistas e relações-públicas que ajudou a formar. “Li todos com sorrisos e lágrimas. Lembrando o rosto de cada um, resgatei o tempo que ficou eterno atrás do giro louco dos ponteiros do relógio, como a hélice do avião quando dispara e o motor pode estolar a qualquer momento. Está provado. Os 40 anos não foram em vão. Valeram a pena. Me multipliquei no coração e mentes de vocês. Obrigado, um beijo em cada um. É a vida que segue.”

Publicado em 6/4/2017
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