Da Redação do Site
Mensagem que recebi de Dom José Palmeiro Mendes, abade emérito do Mosteiro de São Bento, Rio de Janeiro:
“Consegui seu e-mail através da Editora AGE, a quem escrevi ontem à noite, logo após terminar a leitura do seu livro sobre o Dr. Breno Caldas. Queria muito cumprimentá-lo por esta sua obra fascinante. Mas tenho que me apresentar. Sou Dom José Palmeiro Mendes, abade emérito do Mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro. Mas sou de Porto Alegre e antes de ser monge beneditino fui jornalista do “Correio do Povo”. Devemos nos ter cruzado nos corredores da Caldas Junior… Trabalhei no “Correio” de janeiro de 1961 até janeiro de 1976, ou seja, 15 anos. Saí para vir para o Rio e entrar no Mosteiro de São Bento. Fui durante muitos anos o responsável pelas “Casas de Ensino”, ou seja, fazendo a cobertura das Universidades, Secretarias de Educação, escolas em geral, movimento estudantil… Em outubro próximo vou fazer 83 anos – devo ser dos mais velhos jornalistas vivos do antigo róseo… Não sou formado em Jornalismo – naquele tempo, como ainda hoje, não é indispensável este Curso para se inscrever como jornalista – mas em Direito, Faculdade que concluí na UFRGS em 1964.
Por tudo isto, justifica-se o meu interesse pela leitura de seu livro. Ele é história romanceada. Imagino que a parte de ficção sejam alguns detalhes, quando comenta sobre uma gravata, menciona cardápios, fala do calor no momento… Muita coisa do que diz, anterior a 1976, eu naturalmente que sabia pela minha vivência diária no jornal, mas confesso que nem tudo. Fiquei surpreso com certos detalhes que dá sobre a vida do Dr. Breno, questões que nunca ouvi comentários na redação. Um exemplo: a existência de um pequeno apartamento nas proximidades do jornal, em que ele descansava… O fato dele dominar vários idiomas, inclusive o alemão, língua que se tem que praticar, se não se esquece… Nunca ouvi falar em edifício Hudson. Enfim, várias questões, para se falar apenas pessoalmente.
É claro também que, lendo seu livro, me veio uma grande saudade dos antigos colegas, muitos dos quais já faleceram. Aliás, obrigado por colocar o ano da morte de alguns. Fiquei surpreso com o falecimento do Valter Galvani, que ignorava. Eu de vez em quando vou a Porto Alegre, onde tenho familiares e por vezes me encontro com alguns. O que mais vejo é o Liberato Vieira da Cunha, cujo irmão é vizinho de apartamento de minha irmã. Recordo um almoço que tive, creio que em 2018, na sede do Clube do Comércio no Menino Deus com Liberato, Galvani e Carla, Jayme Copstein e mais alguns.
Lembrei também a última conversa que tive com o Dr. Breno. Quando fui dizer a ele que iria deixar o jornal para entrar na vida monástica. Ele falou não ser religioso, mas gostava muito do cardeal Dom Vicente Scherer. Lembrou também ter sido aluno do Colégio Anchieta (como eu), mas que era desordeiro e foi expulso do Colégio (detalhe este que não aparece no livro….). Mas não tinha mágoa dos jesuítas por isso. Enfim, no fim da vida parece, pelo que você conta, não teve o consolo da fé. Curioso, o jornal deixou de circular no dia 16 de junho de 1984; no dia 24 seguinte fui ordenado padre aqui no Mosteiro. Como sacerdote, hoje, tocado pela leitura do seu livro, rezei a minha missa pela manhã, pela alma do Dr. Breno e também por seus familiares, especialmente o Francisco Antônio e o neto falecido tragicamente e pela irmã, dona Rute, que foi minha vizinha na minha infância, à rua 24 de Outubro, e reclamava do barulho que eu e primos fazíamos de manhã e ela não podia dormir… Amanhã vou rezar pelos antigos colegas, ainda vivos ou já na vida eterna.
Por aqui vou parando. Obrigado pelo seu belo livro. Quem sabe um dia nos encontraremos. Talvez vá aí em agosto ou setembro.
Muito cordialmente,
Dom José”
Mensagem da jornalista Carla Irigaray, viúva do historiador Walter Galvani, recebida pelo jornalista Ricardo Azeredo, editor de TV Record-RS, ao compartilhar link do comentário do abade emérito Dom José Palmeiro Mendes:
“Oi, boa tarde. Me deste um grande presente. Um baú cheio de lembranças tão queridas que seria impossível não se emocionar de reviver os momentos com colegas de quase 30 anos de profissão. Paulo Mendes sentava na minha frente e compartíamos dúvidas e acertos. Uma inteligência raríssima e sempre nos enriquecendo com sua sabedoria e erudição ímpar. Muito obrigado mesmo. Do fundo do coração. Um abração! Carla Irigaray”