Por Patricia Lima (*)
Patrícia Lima, relações-públicas
Tiba Querido, eu pretendia ler o livro bem aos poucos. No máximo um capítulo por dia. Com uma pausa de um ou dois dias entre os capítulos. Queria ter a chance de repousar a cabeça e aquecer o coração com a minha língua materna em doses homeopáticas. Isso porque uma boa literatura em português é objeto de luxo pra mim nesses últimos nove meses (minha gestação intelectual).
Comecei na quinta, timidamente. Deixei perto da cama. Na sexta não resisiti e li mais um poquinho. Na noite de sábado, não podia dormir por causa da festa no apto de baixo que se estendeu além da minha sociabilidade e acabei pegando o livro. Só larguei porque as colegas de quarto se queixaram da luz acessa na hora avançada da madrugada, quando a festa há muito já se tinha silenciado.
Hoje, Domingo, acordei as 10h. Tempo úmido, chuvisqueiro, não frio, mas gostoso de ficar sob as cobertas. Bem típico do clima lá na minha Santa Cruz. Renunciei o almoço e o colo do namorado e pensei: vou ler só até a metade. No máximo. Isso dava um ou dois capítulos. São 20h48min. Não sobrou nenhuma linha pra me distrair a mente e me dar folga do cansativo italiano. Devorei tudo. Não almocei, não lanchei, nem meu chimarrão eu fiz. Recusei todas as batidas na porta do meu quarto me convidando para me juntar à rotina social da casa. Até comida me trouxeram achando que eu estava doente. Não quis. Me alimentei de palavras, e eu tava com muita fome.
O livro e a dedicatória enviados à Itália, em 2012
Foi uma experiência muito doida. Porque ler uma história tão boa, envolvente, de uma pessoa que eu conheço… é meio surreal. Ir te reconhecendo nos trechos… E ainda com a linguagem e as descrições que me são tão familiares. Me dei conta do tamanho da saudade e do carinho que tenho pela nossa terra e a nossa cultura. Obrigada, foi um bálsamo para o meu coração e um repouso pra minha cabeça. Uma beijoca estralada.
(*) Patricia Lima é relações-públicas.
(*) Enviado pelo Facebook em 20 de maio de 2012, de Loppiano, Itália
