José Luiz Prévidi

Blog do Prévid (*)

José Luiz Prévidi, jornalista (Perfil no Facebook)

Sou de um remoto tempo em que qualquer pessoa para ser jornalista era obrigada cursar Jornalismo. Não tinha papo. E não existia esta picaretagem criminosa do “estágio”, onde os estudantes fazem o trabalho dos profissionais por meio salário mínimo. Claro, que os raros que queriam trabalhar antes de se formar sempre conseguiam uma vaga, desde que soubessem juntar as letrinhas na máquina de escrever.
Entrei na Famecos-PUC em 1976. O início foi muito chato, nada a ver com o que queríamos – Jornalismo. Aí fiquei um ano fora e quando voltei foi para as aulas do curso, mesmo. Gostava de poucas aulas. As que mais lembro eram do Tibério Vargas e do Caparelli. Ah, e do Antoninho. São os nomes que recordo hoje.
Dos três batia mais papo com o Tibério. Um professor que tinha mais ou menos a nossa idade e sempre estava pronto para conversar e tirar dúvidas. Me ensinou bastante – ou tentou. Até hoje somos amigos.
Levei uma porrada na cara ao ler isso:

Pedido de demissão

Tibério Vargas Ramos, professor-titular dos cursos de Jornalismo e Relações Públicas, desde 1° de março de 1977, o mais antigo docente da faculdade em atividade, 40 anos em sala de aula sempre como professor-horista, nenhum regime especial, sem nunca tirar licença e não registrar faltas, mesmo enfrentando eventuais problemas de saúde, solicito demissão, por entender que cumpri minha missão com dedicação, responsabilidade, ética e competência, atestadas por colegas e pelas reiteradas homenagens que recebi dos alunos ao longo dos anos. Mesmo assim, o Curso de Jornalismo comemorou 60 anos e a Famecos, 50 anos, sem nenhuma referência a mim. Entendi como fim de um ciclo e comuniquei aos meus superiores que iria me aposentar a partir de março de 2017.

Despedida no bar da faculdade, com a Jéssica

Entenderam, né?
A Famecos o desprezou num momento de festa.
Não sei se o Tibério é mestre ou doutor. Mas sei que ele sempre foi jornalista.
Jornalista do bons.
Sei que lá dentro tem muito mestre e doutor – a maioria com experiência em estágios em redações.
Gente que não sabe nada de Jornalismo – aliás, sabe, na teoria.
Desprezo esses mestres e doutores que jamais passaram de estagiários!!
Tibério, não dá bola pra essa gente. Tu tinhas que ter virado as costas e ido embora.
Mas ele fez a coisa certa.
Olhem o que ele postou no Facebook:

1º março 1977 / 6 março 2017
Pedi demissão e fui tomar um café de despedida no bar da Famecos. O carinho das meninas para o velho guerreiro.

(*) Texto reproduzido na íntegra