Tibério Vargas Ramos
Ensaios
Política bipolar provoca microcefalia em adultos
Proliferação do vírus é facilmente identificada nas redes sociais e na academia

Tibério Vargas Ramos (*)

Thomas More escreveu "Utopias" e perdeu a cabeça

Thomas More escreveu “Utopias” e perdeu a cabeça

A “cortina de ferro”, expressão cunhada por Winston Churchill, dividiu o mundo durante a Guerra Fria em capitalismo e comunismo. O reducionismo facilitava a compreensão simplista e como visor em cavalos não permitiu que a “maioria silenciosa” percebesse mudanças significativas nos dois lados. Governos socialistas franceses, trabalhistas ingleses, democratas americanos, sociais democratas alemães, a monarquia cidadã sueca, altos impostos e significativo retorno em bem-estar, empresas estatais reguladoras do mercado, juros zero para moradias e bens, promoveram reformas estruturais e sociais no Ocidente. Regulamentaram a iniciativa privada e a produção racional e prioritária de bens. Promulgaram leis trabalhistas e programas de inclusão. Os clubes de serviços, como Rotary e Lyons, foram ampliados pelas organizações não governamentais. As Ongs promovem igualdade racial e de gênero, voluntariado, solidariedade e assistencialismo em apoio a minorias, atendimento aos carentes em zonas de risco, enfermos em hospitais públicos, crianças em creches comunitárias, idosos em asilos, proteção a animais, preservação do meio ambiente, entre tantas iniciativas. Enquanto isso, no Leste, governos ditatoriais, invasão militar, censura e repressão, esconderam a deterioração soviética e do socialismo em sua área de domínio. Quando o muro caiu na Alemanha e a cortina se abriu em todo o regime antidemocrático, viu-se que do outro lado, no vizinho, havia máfias russas milionárias, economia estagnada, falta de bens de consumo, carestia. Cidades cinzentas, tráfico de garotas e multidões clamando por liberdade, oportunidades, empregos, afirmação dos povos como nações independentes. Os alemães orientais se uniram aos irmãos que a II Guerra separou e regiões e etnias retomaram suas identidades próprias, numa proliferação de novos países.

Palavras de ordem, frases feitas, rótulos e símbolos não explicam ou justificam a complexidade política e econômica. Exige consultar a história, ler as fontes, autores, e, sobretudo, raciocinar com espírito livre, sem a mordaça preconcebida das ideologias, as obrigações da militância. A “dialética de Marx” do século 19 está presente nas conversas de Sócrates com seus alunos, na Grécia, 400 anos antes de Cristo. Ele se rebelou contra os sofistas – músicos e eruditos que viviam à sombra do poder, exatamente como hoje. Argutos e artificiosos, eles justificavam as conquistas da civilização helênica, que promoveu desenvolvimento cultural nas ciências e artes, apogeu no comércio, superabundância, mas produziu riqueza mal distribuída, surto de ambição, corrupção, decadência moral e abalo na tradição religiosa. Através de perguntas que ensejavam respostas, em intermináveis diálogos, o professor questionava o modelo político e social.

Nas conversas com seus alunos, amassando os cabelos rentes e confiando as barbas longas, os olhos estalados, Sócrates trazia exemplos de outras comunidades, na própria Grécia, que encontraram forma diversa de viver: o comunismo – muito antes de Marx, portanto. Os primeiros habitantes da Grécia, que moravam em cavernas, evoluíram para pequenas comunidades. Conseguiram secar pântanos para plantar e acrópoles cercavam as aldeias, para se defenderem de nômades invasores. Toda a produção e fruto do trabalho eram distribuídos entre seus poucos habitantes, como nas comunidades naturalistas de hoje, em pequenos grupos dependentes da terra e artesanatos, vivendo nus ou de roupa. A cada um, partes iguais, o socialismo mais primitivo. O que comprova que o comunismo não é uma utopia, ele pode funcionar em grupos fechados com rigor e disciplina, como nos quartéis, mosteiros, internatos, acampamentos de escoteiros e prisões, o suficiente para sobreviver, sem luxo e ostentação. Mas sonega a natureza humana de dar passos a frente, em busca do desenvolvimento intelectual, facilidade de vida, conquistas materiais, saúde – que desbravam a cultura e impulsionam a ciência.

Depois de tantas invasões de egípcios, fenícios e vários outros povos na Grécia antiga, seguiram-se as migrações para as ilhas do mar Egeu, Ásia Menor e sul da hoje Itália. Qual foi a próxima etapa? Pergunta o mestre. Os discípulos, em uníssimo,  respondem: o período heroico. Conhecem a lição. Sócrates já relatou as epopeias e as lendas, trazendo suas metáforas para o cotidiano da época. O incesto do rei Édipo de Tebas e a rainha Jocasta, sua mãe. O cavalo de pau recheado de soldados gregos que invadiu Troia após dez anos de cerco. A cada retomada do programa das aulas, o mestre avança nas conexões. Apareceram, nesta época, dois séculos antes, cidades gregas com nova organização social, ele relata. No início eram monárquicas, aristocratas, e depois o sistema evoluiu para o formato republicano, democrático. Surgiram, entre outras, as leis sociais e a constituição de Solon em Atentas, suprimindo privilégios. A legislação de Minos em Greta foi neste mesmo sentido. No entanto, toda a organização democrática era assentada em grande massa de escravos, não considerados pessoas. Ele falava com tanto entusiasmo sobre as experiências comunistas das pequenas aldeias e a democracia nas cidades, que seu aluno mais atento e famoso, Platão, escreve “A república”. No livro, ele expõe as ideias do filósofo que não deixou nenhuma linha escrita, mas sua palavra, reproduzida pelos ouvintes, se tornou eterna, como a de Cristo, revelada pela memória oral e os apóstolos. Licurgo, que estudou com Platão, também segue a cartilha do professor na condução de Atenas. Com cautelas para banir o luxo na elite, evitar o acinte, ainda distribuiu terras e procurou promover uma educação mais abrangente como em Esparta, e não elitista, como no auge do helenismo de Atenas.

Outra linha comunista da antiguidade é o teocrático. Tudo pertence aos deuses. A supressão da propriedade em nome de Deus para promover o bem comum entre os fieis na Índia, Egito e outros povos antigos, muito antes do nascimento de Jesus. As lutas agrárias de Roma tiveram essa inspiração. As ágapes nos primeiros momentos do cristianismo também tinham o sentido comunista, a distribuição igualitária de tudo. Nas Guerras Santas da Idade Média, as mesmas ideias fomentaram para a requisição de bens em nome da Igreja Católica, que passa a ser o senhor espiritual e material. Já na era moderna, de 1609 a 1768, as Missões Jesuítas no Paraguai e no Rio Grande do Sul, com a colonização dos índios guaranis, seguiram ideias comunistas, garantidas por um rigoroso código e conduta, como nos seminários.

As ideias generosas de compartilhar bens e inclusão social também encantaram as elites. Em 1516, o lorde sir Thomas More, chanceler da Inglaterra durante breve período no reinado do avarento Henrique VIII, escreveu “Utopias”, depois de conhecer por dentro a podridão do poder. A obra é considerada um manifesto humanista. Quando o monarca decretou o Estatuto dos Seis Artigos (leis rígidas e cruéis), retirou do papa o poder sobre a Igreja na Inglaterra e se intitulou “chefe supremo” de uma nova Igreja Inglesa, o humanista Thomas More não reconheceu como legítimo este poder absoluto. Como represália, foi decapitado em 1535, aos 57 anos. Henrique VIII gostou tanto de ver a execução da sentença, que no ano seguinte mandou cortar a cabeça da rainha Anna Bolena. Shakespeare contou a história em seis atos.

As doutrinas socialistas, com inúmeras variações, foram evoluindo do primitivismo (a cada um em partes iguais) para uma divisão de acordo com suas necessidades, méritos ou atividade. O discurso filosófico inicia com os utopistas como o próprio inglês Thomas More, decapitado, e os franceses Saint-Simon (1675-1755) e Charles Foureau (1850-1914), que não propunham uma ruptura, mas a criação de sistemas que fossem limitando progressivamente a propriedade individual em nome de “justiça social”. A onipotência do meio sobre o indivíduo. A repartição dos bens seria de acordo com o trabalho, talento e capital. As normas utilizadas pelo capitalista inglês Robert Owen (1771-1857), em sua usina de New Lanark, na Escócia, inspiraram leis trabalhistas nos Estados Unidos.

O idealista utópico Robert Owen (Foto Memória)

Owen nasceu e morreu em Newtown, condado de Motgomery, no País de Gales. Começou trabalhando como aprendiz de tecelão em fábrica de flanelas, numa região acidentada, colinas arborizadas, vales férteis, regados por três rios, próprios para a criação de carneiros e cavalos. Inteligente, responsável, capaz e cativante, fez carreira rápida na indústria, culminando com o casamento com a filha do proprietário. A empresa já havia diversificado a atividade para a extração de xistos e calcários no País de Gales e o genro do patrão montou outra usina, New Lanark, na Escócia, para explorar as riquezas minerais, produzindo chumbo, ardósia e cal. Na administração do empreendimento estabeleceu uma espécie de socialismo patriarcal, com limitação da jornada, proibição de trabalho infantil, incentivando a criação de cooperativa dos funcionários para compartilhar a comercialização da produção. Também criou uma escola leiga para os filhos dos operários. As ideias reformistas colocadas em prática em sua própria empresa tornaram Owen uma celebridade, sendo convidado a proferir palestras na Europa e nos Estados Unidos. Acabou sendo o grande inspirador das leis trabalhistas americanas. Quando ele morreu, toda a sua utopia terminou no País de Gales e Escócia, até porque o governo britânico fez de tudo para solapar a proposta de socialismo empresarial.

No fim do século 18 e no seguinte, formulações filosóficas, econômicas e políticas começam a formatar um contraponto ao estado burguês. Em ambiente de discussão iconoclasta, prevalecendo premissa dos comunistas ateus de que “Deus está morto”, pensadores cristãos reagiram, com base na “opção pelos pobres”, presente tanto no Antigo como no Novo Testamento. Foi formulado um passo adiante na compaixão e esmola ao ser necessitado. Surge o “socialismo católico” ou “cristianismo social” no século 19, que não apoia a luta de classes e se opõe ao ateísmo. Os católicos reconhecem a propriedade, herança, salário, mas as relações devem obedecer a princípios cristãos, criticando a intervenção absoluta do estado para garantir a aplicação de suposta uniformidade. Defendem proposta mais genérica: “vida em comunhão”. Mas o Vaticano não gostou nada da aproximação com as ideias marxistas, apresentado pelos simpatizantes cristãos como “um judeu que se convertera ao catolicismo”. No movimento seguinte, quando o filósofo alemão contesta a religião, “Deus está morto”, ele estaria “apenas” fazendo a defesa de um “estado laico”. Há uma diferença fundamental: o ateísmo nega Deus, enquanto o estado laico é aberto a agnósticos, ateus e a todas as religiões, sem definição por uma. Em 1891, o papa Leão XIII condenou qualquer semelhança do cristianismo com o comunismo na encíclica Rerum Novarum.

O discurso filosófico do socialismo inicia com os utopistas como o próprio inglês Thomas More e os franceses Saint-Simon (1675-1755) e Charles Foureau (1850-1914), que não propunham uma ruptura, mas a criação de sistemas que fossem limitando progressivamente a propriedade individual em nome de uma “justiça social”. A onipotência do meio sobre o indivíduo. A repartição dos bens seria de acordo com o trabalho, talento e capital. No fim do século 18 e durante o século 19, formulações filosóficas, econômicas e políticas começam a formatar doutrinas em contraponto ao estado burguês. As doutrinas socialistas foram evoluindo do primitivismo (a cada um em parte igual) para uma divisão de acordo com suas necessidades, méritos ou trabalho. O coletivismo prevê a gerência dos meios de produção por coletivos e cada um recebe segundo seu trabalho. A organização do sistema, para evitar o “desperdício na concorrência capitalista”, podia estar no âmbito municipal, estadual ou nacional. Em ambiente iconoclasta, prevalecendo a premissa de Deus está morto, a Igreja se preocupou em participar o debate. Surge o socialismo católico ou cristianismo social que reconhece a propriedade, herança, salário, mas as relações devem obedecer a princípios cristãos, criticando a intervenção absoluta do estado. No século 20, a aproximação ainda foi maior do marxismo-católico, com todas as contradições inerentes. No Brasil, durante a ditadura militar, ele aparece nas “comunidades de base” da Igreja nas periferias, na “pastoral da terra” no campo e até em movimentos revolucionários clandestinos, como a AP – Ação Popular, da qual eu participei. O embrião do PT é o Centro Operário Católico, criado pelo bispado progressista do ABC paulista, que reunia líderes sindicais para jogar pingue-pongue, numa alternativa cristã e mais contida à “luta operária” dos comunistas. Esta origem conservadora, católica e anticomunista, está presente até hoje na quantidade de deputados petistas com sotaque de seminarista. O partido abriu-se, a seguir, para uma frente de esquerda com adesão de teóricos da academia, movimentos estudantis como Convergência Socialista e Libelu, stalinistas como José Dirceu e maioria do PT gaúcho e alguns – poucos – dissidentes trotisquistas. Daí se explica a quantidade de tendências que militam e se digladiam dentro do partido. Quem está fora da lambança, é de direita. No fundo, resquícios de um maniqueísmo religioso: o bem e o mal. A virtude e o pecado. A mesa, a rede, a bolinha e a raquete.

A ruptura no marxismo

O metódico judeu alemão Karl Marx formulou uma doutrina consistente e abrangente, numa revisão de conceitos históricos, culturais, políticos e econômicos em todo o desenvolvimento da civilização. Há historiadores conservadores que utilizam métodos marxistas para a leitura da influência das classes sociais em comportamentos culturais, ciência e artes. Nascido em Trier, em 1818, Marx foi educado em Bonn e Berlim. Em 1843, aos 25 anos, foi morar em Paris. Dois anos depois, em Bruxelas, se associou a Engels para escrever o Manifesto Comunista. No lançamento no Congresso da União Comunista de Londres, naquele ano, exorta: “Proletários de todos os países, uni-vos!” O slogan que ficou para sempre. Na cartilha reduzida, em poucas páginas, linguagem simples, didática e em tópicos, revela sua tendência bipolar e divide o mundo em duas classes inimigas: a burguesia e o proletariado. Prega a organização dos trabalhadores para empreender a luta de classes. O confisco da propriedade, abolição de todos os direitos de herança, confisco de propriedades de emigrantes e rebeldes. Todo o rendimento para fins públicos e imposto progressivo sobre a renda. Trabalho obrigatório para criar exércitos industriais e agrícolas, abolição do trabalho infantil e educação em escolas públicas. Os meios de produção devem ser administrados em proveito de todos, nacionalização da comunicação e transporte.

O detalhamento da doutrina vem nos três volumes de “O Capital”, que Marx concluiu apenas o primeiro, publicado em 1867. O segundo, completado por Engels, foi lançado em 1885, dois anos após a morte de Marx, em 1883, em Londres. Engels terminou de revisar o terceiro livro só dez anos depois. O estilo de toda a obra é pesado, análise detalhada à exaustão, leitura difícil, mas as ideias fundamentais são simples, como no Manifesto. A doutrina parte do “materialismo histórico”. Deus está morto. Todos os fatos de ordem econômica, estrutura agrária, bens, a produção e técnicas industriais, determinam os fatos sociais: política, moral, estética, religião. Nega o chamado “estado burguês” e prega a luta de classes: a classe operária em antagonismo com todas as outras. O capitalismo precisava se desenvolver, criar uma grande massa de assalariados, para criar as condições propícias para a revolução proletária. Prevê a supressão completa da propriedade privada, comunhão de todos os bens e cada um recebendo de acordo com suas necessidades. A ditadura do proletariado. Não está delineada como seria a sociedade do futuro. O aprimoramento do comunismo seria buscado dentro de um “processo revolucionário” e “desenvolvimento histórico”. A “mais valia”, o excedente da produção que vai para o capitalista, é uma equação simples demais para reproduzir a complexa relação matéria-prima, trabalho, industrialização, qualidade, commodities, publicidade, mercados, organização, reputação, comunicação, transporte, distribuição, entre tantos fatores que influenciam hoje o valor dos produtos.

Na efervescência política e filosófica do século 19, o anarquismo bate de frente com a disciplina e organização propostas pelo comunismo. Pensadores russos precursores, como o revolucionário Mikhail Bakunin (1814-1876), pregam um “socialismo libertário”. O anarquismo iconoclasta ganha adeptos principalmente na França, Espanha e Itália. Elle Reclus (1827-1904), participante ativo da segunda Comuna de Paris, que esteve no poder no breve espaço entre 18 de março e 27 de maio de 1871, era um dos entusiastas. A anarquia não se apresentava como um movimento operário, mas a defesa da individualidade humana sem freio algum, com a supressão de toda a autoridade, seja Deus, seja o poder constituído. Sua preocupação maior não era a comunidade de bens. A pequena propriedade individual poderia ser um limite na convivência social. O grande romancista russo Lev Tolstoi (1828-1910), autor de “Guerra e Paz” e “Anna Karenina”, que era um crítico da sociedade, idealista e místico, chegou a defender um “anarquismo cristão”. As ideias podem ser complexas em contraponto às ortodoxias decoradas a partir de frases prontas e palavras de ordem digitadas nas redes sociais: direita, fascista!

Os reformadores

O liberalismo, que começou com uma proposta precisa de oposição ao poder absoluto da realeza e da Igreja, no século 18, foi sendo jogado para a direita pelo Socialismo no século 19. Foi deixando de lado as questões sociais, apoiando propostas conservadoras na economia, em nome do enfrentamento de problemas políticos e a retórica da liberdade abstrata. O hoje identificado, pejorativamente, como o neoliberalismo, liberdade de mercado, todas as relações comerciais estabelecidas pela livre-concorrência, é mais uma retórica da elite intelectual que o defende. Os empresários probos, que colocam em jogo seu capital, querem regras claras, concorrência leal e não uma guerra predatória, que traz em seu bojo corrupção pública e privada, como hoje no Brasil, insegurança dos trabalhadores, desemprego e falência das empresas.

Brizola no exílio, no Uruguai (Foto Memória)

Movimento reformador, não revolucionário, foi o trabalhismo, que surge na Inglaterra no século 19 com viés protestante, formulado por pastores, como Carlos Kingsley. Toma corpo com o movimento cooperativo inglês. A proposta é disciplinar a concorrência e o lucro, proteger o trabalhador com leis, praticar o auxílio mútuo, com crítica à associação de classe que pode gerar o egoísmo corporativo. Prega a educação pública de qualidade para promover ascensão social, harmonia entre capital e trabalho, a convivência de capitalistas e empreendedores humanistas com trabalhadores do campo e da cidade, profissionais liberais, ruralistas e pequenos agricultores. Apregoam reformas urbanas e rurais para ensejar o bem comum. As “Reformas de Base” propostas no governo João Goulart, de 1961 até o golpe militar de 1964, seguiam os dogmas do trabalhismo e não a cartilha de uma “república sindical”, como diziam os golpistas incrustados na UDN, militares de direita, clero conservador e classe média assustada. Os programas educacionais massivos desenvolvidos pelo governador Leonel Brizola no Rio Grande do Sul e no Rio de Janeiro, com a criação de milhares de pequenas escolas e centros integrados de educação pública (CIEP), ajustavam-se à mesma orientação. O PDT, que começou a ser criado no exterior, em 1976, com a “Carta de Lisboa”, durante o exílio de Brizola no Uruguai, Estados Unidos e Europa, continua sendo o único partido brasileiro filiado à Internacional Socialista. No entanto, hoje é comandado pelo insignificante ex-jornaleiro Carlos Lupi e articula lançar para presidente da República a verborreia mental e oral chamada Ciro Gomes. Reduzido a um puxadinho do PT, com lideranças medíocres ou comprometidas, alimentadas com cargos e verbas públicas, o partido isola os brizolistas históricos e autênticos, alinhados às propostas sociais democratas ou socialistas moderadas do alemão Willy Brandt ou do português Mario Soares, que estenderam a mão para Brizola no exílio. Muitas vezes o governador gaúcho e carioca foi instado em entrevistas a se declarar socialista e o mais que ele chegou a dizer foi que defendia um “socialismo moreno”, com características próprias para o Brasil. Quando o Partido Comunista Brasileiro (PCB) expulsou em 1980 seu líder mais mitológico, Luiz Carlos Prestes, o Cavaleiro da Esperança, numa ignomínia e negação do passado, foi Brizola quem lhe deu guarida. Em 1981, o comunista histórico tornou-se Presidente de Honra do PDT, permanecendo com a distinção máxima do partido até sua morte, em 1990.

A origem desta linha centro-esquerda é anterior à Primeira Guerra Mundial de 1914-1919. Socialistas reformistas e até marxistas contestaram o princípio do socialismo revolucionário, o rompimento da ordem política e social pela revolução. Começam a pregar reforma gradual da política e do sistema capitalista. Surgem as primeiras propostas sociais democratas de bem-estar da população, regulamentação econômica e tributação progressiva de bens. Depois da Segunda Guerra Mundial de 1939-1945, a social democracia aparece nitidamente como “terceira via”, distanciando-se cada vez mais do socialismo, com políticas econômicas liberais e programas para diminuir ou eliminar injustiças sociais. Entre seus maiores líderes mundiais estão Willy Brandt, Nelson Mandela, Helmut Schmidt e Leonel Brizola, listados pelo Google.

Atrás da cortina

O gigante em farrapos Rússia, com 171 milhões de habitantes, 90% de analfabetos, em extrema pobreza, contrastando com 69 mil universitários, que liam Marx e Engels, foi o ambiente propício para levantes populares no império do czar Nicolau II, que assumira o poder em 1891. Em 1900, na virada do século 20, inicia-se o processo revolucionário. A derrota russa na guerra contra o Japão, em 1904 e 1905, recrudesce as lutas contra o regime, mas o movimento é sufocado em 22 de janeiro de 1905, no Domingo Sangrento, na frente do Palácio de Inverno, em São Petersburgo, onde se reunira uma multidão de operários desarmados, liderados pelo padre George Gapon (ou Galpone). Cossacos da Guarda Imperial, armados de espingardas, investiram contra a manifestação e a neve ficou coberta de sangue: mais de cem mortos e 400 feridos. O líder dos manifestantes conseguiu fugir. Mais tarde foi descoberto que ele era conivente com o chefe da polícia Sergei Zalotov e conduzira os amotinados para o massacre. Os sobreviventes saíram atrás dele. Foi encontrado em maio de 1906, nos arrabaldes de Petrogrado, província Báltica. Ficou para trás enforcado.

O levante popular russo, contra a monarquia absolutista e as oligarquias, prosseguiu durante a Primeira Guerra. As frentes russas investem em 1914 contra o império Austro-Húngaro e são rechaçadas pela Alemanha em 1915, recuando sua própria fronteira. A  participação catastrófica da Rússia imperial nos combates, encaminha a vitória da insurreição interna em 15 de março de 1917, com a queda do czar e o estabelecimento de um Governo Provisório de caráter burguês-liberal. Mas o “processo revolucionário”, pregado pelo marxismo continuou, com oficiais mortos pelos soldados, saques e incêndios nas cidades, controle de fábricas com a criação de “conselhos operários”, chegando à vitória na Revolução de Outubro, ainda dividida entre socialistas revolucionários, em maioria, e o Partido Bolchevique. Em 5 de janeiro de 1918 foi realizada eleição para uma Assembleia Constituinte, mas os bolcheviques, apesar de derrotados, assumem o poder com os “comissários do povo”, liderados por Vladimir Lênin. Nada fica da realeza derrubada. Nicolau II, a rainha Maria Feodorovna e os filhos do casal, as princesas Maria (25 anos), Taciana (24), Olga (22), Anastácia (16) e o único filho homem e herdeiro eventual do trono, príncipe Aleixo, de 13 anos, todos foram mortos, em julho de 1918. A guerra civil continuou por mais dois anos, com o Exército Vermelho combatendo os “brancos”, “constitucionalistas democratas” e socialistas não bolchevistas, até o massacre final dos adversários do comunismo em 1920.

Leon Trotski, assassinado no México (Foto Memória)

Em 1922, é criada a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), com o domínio de todas as regiões da Rússia. Lênin morre em 1924 e cria-se um vácuo no poder. Trotski, organizador do Exército Vermelho e defensor da “revolução permanente” é um dos postulantes. A luta interna pelo poder se estende de 1925 a 1927, mas quem ganha a queda de braço é o presidente do Partido Bolchevique, Lev Stálin. Ditador absoluto de 1927 a 1953, um dos vitoriosos da II Guerra Mundial, derrotando Hitler no inverno russo como Napoleão perdera em 1822, Stálin desenvolveu a eletricidade, produção de carvão, petróleo, multiplicou a oferta de alimentos, promoveu a escolaridade pública. A jornada de trabalho ia de 12 a 18 horas diárias e quem se negasse era considerado “traidor”. O “processo revolucionário” foi levado ao extremo, com milhares de presos em campos de concentração na Sibéria e grandes expurgos, dos quais não se livraram nem os primeiros comunistas revolucionários como Trotski, expulso do partido e deportado em 1929. Nas fotos, Stálin mandava borrar o rosto dos líderes políticos considerados mais tarde como traidores da revolução bolchevique. Em 1940, durante a Segunda Guerra, aos 61 anos de idade, Trotski foi assassinado em Coyoacán, no México, a golpes de picareta, desferidos pelo agente de segurança hispano-soviético Ramón Mercader.

Em 1951, o argelino Albert Camus, prêmio Nobel de 1957, escreveu “O homem revoltado”, com crítica mordaz ao comunismo. Jean Paul Sartre rompeu relações com ele, revoltado com suas críticas, e no ano seguinte entrou no Partido Comunista Francês. Contudo, durou pouco. Em 1956, Sartre saiu do PC e escreveu “O Fantasma de Stálin”. Ficou para a história sua intolerância com o revisionismo de Camus, cinco anos antes. Comunista em sua juventude na Argélia, ele tinha o direito de se decepcionar com a ditadura socialista estatal. Sem patrulhamento intelectual.

Durante a Guerra Fria, o mundo esteve dividido pela “cortina de ferro” em capitalismo e comunismo. Nikita Khruchtchev, que substituiu Stálin em 1953, comandou a gigante URSS com 15 repúblicas soviéticas, tentáculos no Leste Europeu (Alemanha Oriental, Polônia, Romênia, Checoslováquia, Hungria, Iugoslávia, Albânia e Bulgária) e  influência em países no Oriente Médio, Ásia e Cuba. Ajuda econômica e tropas militares, quando necessárias, garantiam a fidelidade. Em vários momentos os comunistas estiveram à frente dos americanos na corrida espacial. Khruchtchev morre em 1964. Brejnev assume. O modelo mostra exaustão. Ele fica no poder até 1982 e promove liberalizações no regime. Após a morte de Brejnev, em período de transição e incerteza, são indicados pelo partido militantes velhos e ficam pouco tempo no poder: Andropov (1982-84) e Chernenko (1984-85). Gorbachev passa a fazer a transição com a Perestroika em 1986. Estabelece a livre concorrência e permite o desenvolvimento de setores secundários para atender o consumo e serviços não essenciais. Cai o muro de Berlin em 89, Alemanha é reunificada, fim da URSS e do bloco, eleições na Rússia, estados periféricos soviéticos ganham autonomia. Polônia e Hungria são democratizadas no mesmo ano. Iugoslávia se divide em seis países em 92: Sérvia, Croácia, Montenegro, Eslovênia, Bósnia-Herzegovina e Macedônia. Checoslováquia se separa em República Checa e Eslováquia em 1993.

Os sobreviventes

Hoje restam apenas cinco países comunistas. Entre eles, a maior nação do mundo em território e população, e a segunda economia global. Não é pouca coisa. No entanto, este socialismo remanescente revela distorções difíceis de explicar. Há 801 milhões de trabalhadores, responsáveis por produtos “made in China”, vendidos em todos os continentes, uma elite econômica jovem, milhões de pessoas, com média de idade inferior aos 40 anos, e 596 bilionários. Os dez chineses mais ricos têm fortunas entre 10 e 30 bilhões de dólares. Dois técnicos da Seleção brasileira e jogadores do Corinthians, campeão brasileiro de 2015, foram contratados para trabalharem em clubes de Pequim e outras cidades, ganhando fortunas. O ascendente capitalismo chinês controlado pelo estado, sem liberdade de imprensa e comunicação digital restrita, já foi exemplo do radicalismo comunista.

Nos movimentos estudantis de Paris em 1968, os jovens empunhavam fotos de dois ícones. Che Guevara, morto na Bolívia no ano anterior, era o representante da luta armada. Mao Tsé-Tung (e seu “Livro Vermelho”) promovera a “Revolução Cultural”, dois anos antes, transferindo aos jovens a tarefa de promover expurgos e radicalizar o sistema comunista que chegara ao poder na China continental em 1949 e se afastara da parceria com a União Soviética em 1960. No pós-guerra, em 1945, os comunistas de Mao reforçaram a luta pelo poder, dez anos após a derrota da Longa Marcha de 1934-35, vencida pelos nacionalistas do general Chang Kai-Chek, que comandava o país desde 1928. “A Condição Humana”, lançado em 1933, notável romance do socialista francês André Malraux (1901-1976), reconstitui este período. Na mesma época da Longa Marcha chinesa, ocorreu no Brasil em 1935, não por acaso, a Intentona Comunista, numa articulação do comunismo internacional na América e na Ásia, sufocada aqui por Getúlio Vargas. Finalmente derrotados pelos comunistas em 49, os nacionalistas chineses se recolheram para a ilha de Taiwan (Formosa). Hong Kong, de forte influência inglesa, também continuou como uma plataforma do capitalismo na China. Hong Kong, Macau (antiga colônia portuguesa) e a ilha de Formosa continuam com administrações independentes, pequenos satélites da gigante China.

Outros dois países comunistas são remanescentes da vitória contra os Estados Unidos, na terrível Guerra do Vietnã, que se estendeu de 1954 a 1975. O Partido Comunista do Vietnã comanda o país unificado, com a capital em Hanói. O outro país é o pequeno Laos, com 6,5 milhões de habitantes, que tem a economia baseada na venda de energia para a China e Vietnã, devido a sua rede de rios.

Como a Albânia, no sudeste da Europa, referência do PC do B do brasileiro tantos anos, abandonou o barco em 1998 e hoje é república parlamentarista com sede em Tirana, restou a Coreia do Norte. Intitulada República Socialista, é uma mistura de ditadura stalinista e monarquia. Dividida no pós-guerra em 1948, o sul com influência Ocidental, desenvolvimentista, e o norte de tendência soviética, protagonizaram a Guerra da Coreia, de 1950-53. O lado comunista é governado por uma dinastia. Primeiro foi Kim II-sung, o ”presidente eterno”, que morreu em 1994 e foi substituído pelo filho Kim Jong-il, morto em 2011, e hoje está no poder o neto Kim Jong-un, de 33 anos, educado na Suíça. Mídia, literatura e artes são controladas e um programa de enriquecimento do urânio ameaça a humanidade.

O colombiano Gabriel García Márquez, prêmio Nobel de Literatura de 1982 por Cem Anos de Solidão, morreu em 2014 defendendo Cuba, o quinto país do mundo que continua comunista. As prisões políticas e fuzilamentos fizeram outro Nobel desistir, “até aqui eu fui”, disse em 2003 o comunista português José Saramago, autor de Ensaio sobre a Cegueira. É compreensível a paixão eterna de Márquez por Cuba. Jamais em seus maiores delírios do Realismo Fantástico ele imaginaria um país que fica parado no tempo durante mais de 40 anos. Cadilac dos anos 1950 andam pelas ruas caindo aos pedaços. Pessoas tristes nas janelas, os prédios descascados, veem há quatro décadas o tempo parado. Numa monarquia semelhante a da Coreia, mas sem as regras de passar o poder de pai para filho, Fidel Castro, o vencedor da Revolução Cubana em 1 de janeiro de 1959, abdicou ao poder 39 anos depois, em 24 de fevereiro de 2008, para assumir seu irmão Raul Castro. Numa articulação com o papa Francisco, o presidente norte-americano Barack Obama levantou o embargo ao regime de Havana em 2015 e ensaia-se uma lenta liberalização.

Os ideais da Revolução Francesa de 1789 – liberté, égalité, fraternité – sucumbiram no Terror, mas a mensagem ficou para sempre: democracia, liberdade e justiça social. A república pode até não ser garantia de democracia. Depois da queda do Império no Brasil, tivemos a República Velha viciada e duas ditaduras, uma civil e outra militar. Na Inglaterra, a monarquia como poder moderador em regime parlamentarista, transfere aos cidadãos a escolha do governo. A queda do gabinete, democraticamente eleito, pode haver em qualquer momento de crise financeira, incompetência administrativa ou deslize moral, sem se falar em golpe. Tantos criticam os gastos com a “realeza britânica parasita”, mas são bem menores do que uma Petrobras jogada no ralo do banheiro. O Reino Unido fatura com o turismo para ver os palácios e a liturgia da família real, a troca da guarda, as carruagens das histórias de princesas. Em um mundo marcado pela intransigência política, tiranias e o fundamentalismo religioso, a mídia independente e livre é questão de sobrevivência. Os únicos controles possíveis são a responsabilidade e a ética dos veículos e profissionais. O maior patrimônio da imprensa é a credibilidade. Um jornalismo capaz de dar voz aos excluídos, criticar privilégios, não ser ditirambo dos poderosos, relativizar e denunciar opiniões esdrúxulas. Não salvará o mundo, mas resgatará pessoas, promoverá a solidariedade, defenderá a paz, a preservação possível do meio ambiente, abrirá espaço para a multiplicidade de opiniões, idiossincrasias e comportamentos, sem preconceitos de qualquer ordem. Não generalizar, jamais demonizar religiões, muito menos justificar o terror e ditaduras. O islamismo está por trás de fanáticos, como o catolicismo esteve nas oito Cruzadas nos séculos 11 e 13 e a Inquisição dos séculos 12, 13, 16 e Santo Ofício nos séculos 18 e 19, na caça às bruxas, magias e judeus, de olho em seus patrimônios. O misticismo, a crença em Deus, deve ser um gesto de amor, compaixão, confissão dos pecados, não matar, perdoar, tentar acertar, buscar um mundo melhor, amém.

A direita pode ser democrática e conservadora como Churchill. Terminou a Segunda Guerra como herói, perdeu as eleições parlamentares para os trabalhistas naquele ano de 1945 e só voltou ao poder oito anos depois, aceitando o referendo das urnas. O argentino Jorge Luis Borges (1899-1986), crítico impetuoso do peronismo messiânico que tanto me encanta, hoje mais como peça de ficção do que proposta política, é reconhecido como um dos autores mais eruditos e criativos do mundo, apesar de suas convicções conservadoras. Mas a direita também pode se apresentar perversa e preconceituosa, como no nazismo social-racista-estatal de Hitler, o fascismo-nacionalista-corporativo de classes privilegiadas de Mussolini e a ditadura chilena cruel de Pinochet, referendada em toda a América Latina pelos governos republicanos norte-americanos, inclusive no Brasil, Uruguai e Argentina. A abertura política do continente só começa após a vitória do democrata Jimmy Carter, ele assume em 1977 e dois anos depois já havia anistia no Brasil. O PT, que se apropriou do nome do Partido dos Trabalhadores da dinastia Kim na Coreia do Norte e a bandeira vermelha com a estrela amarela de Mao, não pode ser julgado apenas pelas escolhas equivocadas de referenciais antidemocráticos e genocidas. No entanto, seus militantes não têm o direito de tachar de direitistas todos que se opõem a suas propostas ideológicas, escolhas de estratégias, má administração e corrupção sistêmica em nome da causa, mas que também favorecem organizações e pessoas, que hoje moram, se locomovem, se vestem, comem e bebem como a elite burguesa. Recursos públicos cooptaram os movimentos estudantis, sindicais e verbas de incentivo à cultura são distribuídas a ferrenhos e simpatizantes. A bandeira azul, histórica e rebelde da UNE, deixou de tremular com espontaneidade e destemor. A central alinhada ao poder é capaz de promover greve geral ou apoiar incondicionalmente o governo, mas sem mobilizar multidões como a CGT do passado. Bastam pequenos piquetes, o apoio dos bancos, do transporte público e da segurança para parar o país em ações chapa-branca. Desde as aulas de Sócrates, tão bem aproveitadas pelo discípulo Platão, são formuladas formas de buscar o bem comum. Sem a dicotomia monástica do bem e do mal, que provoca microcefalia, impede de raciocinar, refletir, devemos ter a mente aberta, buscar alternativas. Mas jamais negar a independência, a liberdade, a ética, aceitar o contraditório, a multiplicidade de opiniões. Defender o direito à natureza humana diversa, se rebelar contra padronizações. Não arrancar do ser humano qualquer tipo de ambição, vendo o tempo parado durante quatro décadas na janela do prédio em escombros, os mesmos carros, os mesmos transeuntes, só que agora se arrastam de bengala. Permitir às pessoas que sejam otimistas, empreendedoras, que tenham o desejo de ter vida digna, pensar no futuro próprio, dos seus e dos outros, sem ganância e egoísmo, capazes de sonharem com um mundo sempre melhor, em paz, mais justo para todos. Utopias que custaram a cabeça de Thomas More.

(*) Romancista autor de Acrobacias no Crepúsculo, Sombras Douradas, A Santa Sem Véu e Contos do tempo da máquina de escrever

Publicado em 6/2/2016
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