Tibério Vargas Ramos
Terminei de ler mais um romance inacabado: “Confissões do Impostor Felix Krull”, de Thomas Mann. A morte do escritor interrompeu o livro quando o personagem está nos braços da mãe da namorada. Scott Fitzgerald teve uma síncope cardíaca fulminante sobre a mesa onde escrevia “O Último Magnata”. No romance há recados para ele mesmo não se esquecer de corrigir determinada parte que não ficou boa. São de arrepiar. Os originais inconclusos de “O Primeiro Homem”, de Albert Camus, ficaram no porta-malas do carro em que ele morreu acidentado. Um emocionante acerto de contas com sua própria história, a memória do pai que morreu na guerra e a relação forte com a mãe, que faleceu ao saber do desastre com o filho. “Verdade ao Amanhecer” é um falso diário de Ernest Hemingway em caçadas na África que ele não terminou. A morte de Erico Verissimo também encerrou abruptamente o segundo volume de “Solo de Clarineta”. Os livros sem ponto final me fascinam.