Tibério Vargas Ramos
Sete da manhã. Antoninho González cruza a cidade em alta velocidade. Do edifício na Quintino Bocaiúva ao centro histórico. Dirige sempre no limite o Corcel GT branco envenenado, frisos pretos no capô, ou o Opala negro rebaixado, pé no acelerador, reduzidas na caixa, cano reto, manobras ríspidas. Àquela hora sempre tem lugar para estacionar na frente da Caldas Júnior. Mas se não há vaga, nem esquenta. Pára em fila dupla e entrega a chave para o guardador de carros, talvez sem habilitação, ou vencida, mas de confiança.
Cabelos negros lisos, pele clara, jamais toma sol, nem na praia do Guarani, gosta de mocassim Samello preto, calça na mesma cor, camisa branca, mangas curtas, um número menor para destacar os músculos moldados no boxe e em obstinados exercícios de apoio no solo, ao acordar. Ele abre as portas de correr do elevador-gaiola, fecha, e sobe lentamente ao primeiro andar. Recém-saído do banho, os cabelos úmidos, cuidadosamente penteados, já tem um cigarro Hollywood entre os dedos, ainda apagado. Em passos firmes no parquet gasto, entra na redação, bem-humorado naquela hora da manhã, fazendo brincadeiras com os colegas. Sempre um comentário especial para o Grisólia, com seus gestos delicados, voz de falsete e olhar lânguido. “É uma donzela”, repetia, e o editor de Mundo deixava cair a mão e empinava o nariz, aspirando e soltando o ar, teatralmente desdenhoso. González senta em sua mesa da editoria de polícia. Fica sério, tenso, compenetrado. Alguns minutos mais tarde, o flanelinha sobe até a Folha, devolve as chaves e informa onde estacionou o carro.
Ele trabalha alucinado. Um editor completo: corrige as matérias, diagrama e edita quatro páginas em duas horas. Faz os títulos espancando sem piedade a máquina de escrever, como todos os jornalistas da época. Arranca a lauda com a força de pugilista, o carro fica girando sozinho, amassa na palma da mão e a joga no chão enfurecido. Há papel, cinza e toco de cigarros espalhados ao redor da lata de lixo. Não gostou da manchete. Só que aquela folha arremessada se encontrava em branco. Abstraído, movimentou os dedos ao alto, sem bater em nenhuma tecla. As palavras impróprias, sem apelo, estavam apenas em sua imaginação. Põe nova lauda na Olivetti e encontra o título que procurava.
Na hora de diagramar, repete o gesto. O lápis sem tocar no papel, concebe um esboço de página, como se estivesse riscando onde ficará o título, o olho, as fotos e legendas, os destaques. Joga o corpo para trás para observar melhor o diagrama em branco. Em seu raciocínio em alto-giro analisa a página virtual em seus mínimos detalhes. Odeia o resultado. Exasperado, pula no papel quadriculado e lança no lixo. Pega novo diagrama e desenha a paginação, faz os títulos com vigor, drama, suspense, emoção, humor, ironia. “Só vovó ainda acredita em Cueca”, lasca. Era uma avó que defendia o neto de apelido Cueca, acusado de assaltos à mão armada. No máximo às 10h o jornal deve estar fechado. Às 11h, o vespertino da cidade chega às bancas com seus 76 mil exemplares na década de 70. Só perdia para o carro-chefe da própria empresa, o Correio do Povo de Breno Caldas com 90 mil assinantes, 94 mil a tiragem diária e 150 mil aos domingos, quando vendia também nas esquinas, supermercados e entre as mesas de bares e restaurantes. Diversos cadernos, notícias, reportagens, artigos, classificados, entretenimento, cultura, um quilo de papel.
Antônio Firmo de Oliveira González começou no jornalismo como repórter da Última Hora de Porto Alegre. Durante 15 anos foi editor de polícia da Folha da Tarde, depois diretor de redação do próprio jornal e mais tarde do Correio do Povo. Um de seus tantos méritos foi abrir as algemas da reportagem criminal no Rio Grande do Sul. Com sua ascendência de aristocrata espanhol, ética, defensor intransigente dos dogmas do jornalismo (de espírito público e liberdade), destemor, capacidade profissional, sedução e bom humor, retirou o setor de polícia da segregação. O patinho feio, por tudo que reproduz − as mazelas sociais e desvios de comportamento –, a editoria deixou de ser discriminada na roda de chope, nas discussões políticas e até nos romances da redação. Tornamo-nos iguais.
O editor exigia aos seus repórteres e redatores que fizessem jornalismo, não a redação de ocorrências policiais, com chavões, exageros, omissões e irresponsabilidades, como até então. As matérias deviam ser redigidas com objetividade, neutralidade, clareza, profundidade, interesse e correção, sem abrir mão das narrativas emotivas, dramáticas, insólitas e atraentes, para prender o leitor. Notícia e leitura.
Ele não permitia o envolvimento promíscuo com os órgãos de segurança, mesmo que se tornasse mais penosa a busca de informações. Ninguém se misturava com os investigadores, usava modelito detetive ou utilizava seus chavões como campana (espera), atraque (invasão, ataque), berro (revólver), teco (tiro), sugesta (ameaça), tira (policial), fugou (fuga), encapotamento (capotagem), adentrou (entrou), BO (boletim de ocorrência), meliante (delinquente), bbc (branco, brasileiro, casado), de menor (menor de idade), esquisito (cela de torturas), presunto (cadáver), boneco (foto), nosocômio da municipalidade (Pronto Socorro), campo santo (cemitério) e tantas outras expressões do jargão policial. Direção “bairro-centro”. Por que não na direção do centro? Simples. Fraturou as duas pernas. Podia fraturar mais do que duas? Em texto algum aparecia que alguém foi interpelado por uma viatura policial. Pelo menos enquanto não surgisse um veículo capaz de interrogar suspeitos. No mundo tecnológico, talvez amanhã seja possível.
Sua equipe era extremamente eclética – tinha de policial a padre – mas o elo de união era o testemunho e personalidade do chefe. Ao lado dele, pela manhã, contava com dois redatores para as notícias de última hora. Os três fumavam o tempo todo. Um deles era João Alberto Pinto, assessor de imprensa no Palácio Piratini. Bem nutrido, pose de comendador, gravata, cigarreira niquelada, tinha um texto eficiente, correto. O outro, Adroaldo Bacchieri Lucas, era escrivão de polícia, mais tarde um orgulhoso comissário. Isqueiro a gasolina com tampa, que levantava com o polegar e girava a pedra com o mesmo dedo, numa conexão rápida para acender a chama, ele apresentava um humor dissimulado. Era magro e andava sempre de terno marrom, gravata estreita. Primeiro a chegar à redação, dirigia um jipe cor de vinho, americano pós-guerra, ano 1951, com uma ave prateada tentando voar da ponta do capô. Disparava no teclado dedos longos, unhas redondas, e redigia tão rápido como o fazia ao redigir depoimentos na DP.
Os repórteres eram um caso à parte. Eu era um brizolista contador de histórias. Sempre fui. Quando lancei meu primeiro romance, em 2015, o jornalista Renato Dornelles, muito gozador, disse que eu continuava fazendo o que sempre fiz. Transformava reportagens em verdadeiros contos, mas também batia forte em denúncias de tortura. Descobri a morte por espancamento de um traficante no xadrez da Delegacia de Roubos, com envolvimento de 11 policiais, que desejavam extorqui-lo ainda mais. Fiz outras matérias sobre condições desumanas e torturas nas celas da Oitava Delegacia, em Petrópolis, e na Ilha Presídio, ajudando a desativá-las. González publicava as matérias sem pestanejar. Tinha confiança na minha responsabilidade e eu procurava não decepcioná-lo, por mais singulares e insólitos que fossem os casos que eu descobria. Motivos diferentes nos moviam. Eu queria enfrentar o sistema, acusar e debochar, ele buscava valorizar a informação e mostrar o lado grotesco e pitoresco da vida. Completávamo-nos.
Inúmeras reportagens que escrevi na Folha da Tarde repercutiram em jornais e revistas do centro do País. Como o homem que estava preso há 18 anos por dar um tapa na mulher. Deu editorial no Jornal do Brasil com o título “Justiça Injusta”. O detento foi solto imediatamente e tentaram me botar na cadeia no lugar dele. Eu e o fotógrafo Damião Ribas respondemos processo com base na Lei de Segurança Nacional, não por ser mentira a matéria, mas por “indispor a população contra um poder da União”, no caso, o Judiciário. O ex-senador Paulo Brossard cita o caso, indignado, em seu livro O balé proibido. Apenas ele. Nenhuma entidade de classe se solidarizou conosco. Eu era um trabalhista anarquista, não confiável, Ribas apenas um grande fotógrafo, atento e criativo, sem vinculação política. Obrigados a sentar no banco dos réus, fomos defendidos pelo advogado da Caldas Júnior, Edgar Degrazzia, e absolvidos por unanimidade em Conselhos Militares em Porto Alegre e Brasília. Nunca pensei em pedir indenização. Não me tornaria, na maturidade, gigolô da ditadura. Esta mácula, que a esquerda ostenta com orgulho e bolso cheio, não me serve.
Na década de 70, também contei a história de um vereador do MDB, na cidade da Mata, próxima de Santa Maria, que ofereceu um jantar supostamente de paca, animal de caça, mas que não passava de um cachorro que morrera atropelado, preparado em sete temperos e ao fogo brando. Todos se deliciaram com a estranha iguaria. O blefe foi descoberto quando moradores, sabendo da farsa, começaram a saudar os convidados com “au-au”. Aí, foi um horror, Deus nos acuda! O autor teve de abandonar a Câmara de Vereadores e fugir para Alegrete, onde me contou a história durante um churrasco tradicional, sem nenhuma carne estranha. Talvez tenha sido a matéria que mais divertiu o González. Ele a repetia com freqüência, em aulas e palestras, sempre com novos ingredientes, para distração de todos.
A equipe de polícia tinha repórteres como Jorge Olavo Carvalho Leite, um dos textos mais elegantes, imaginosos e cinematográficos da imprensa gaúcha. Nesta época, na Folha, desfilava em um Opala branco com estofamento vermelho, zero quilômetro. Lorde inglês, humanista, educado, atencioso, era capaz de beber espumante em um pub na penumbra, envergando sobretudo preto. Até aí, nada demais. Só que era verão e ele conversava solitário com a outra taça na sua frente. Sei, ele sempre disse que esta história é invenção minha, mas vou morrer confirmando-a. Dou até o endereço do bar: em cima do antigo cinema Cacique, na Rua dos Andradas – através da vidraça, avistava-se lá embaixo, prostitutas de minissaia iluminadas por lâmpadas antigas e encostadas nos postes de ferro com arabescos.
Entre os nossos havia também um marxista assumido, Rui Carvalho, membro do Partido Comunista. Funcionário de carreira da Prefeitura de Porto Alegre deu um dos grandes furos da Folha, como plantão de polícia no turno da manhã: a prisão de revolucionários de esquerda, Edmur e seus camaradas, responsáveis por assaltos a banco; expropriação, como se diria na época. A informação estava sendo escondida para ser apresentada de forma espetacular, à tarde, durante entrevista coletiva, no palco do auditório do Palácio da Polícia, no primeiro andar. O redator Bacchieri respondeu sindicância interna, acusado de vazar a notícia, pois trabalhava na assessoria de imprensa da Polícia Civil. Nada a ver, o Rui conseguira a informação através de seus contatos com o então clandestino PCB e suas ramificações na guerrilha urbana, a Valpalmares. González só perguntou se a fonte, apesar de extraoficial, era confiável. “Absolutamente”, respondeu o Rui. E ele publicou a matéria sem pensar duas vezes, em plena ditadura. A notícia partiu do próprio movimento extremista, não da polícia. Nem aí para o temido DOPS – Departamento de Ordem Política e Social, que ficava no terceiro andar do Palácio, na Avenida Ipiranga. Tinha elevador exclusivo e duas saídas de emergência, uma através de uma espiral de ferro, no pátio interno, e outra pela seção regional do Serviço Nacional de Informações (SNI), vinculada ao Exército, localizada em cima do Detran, no outro lado do prédio, na rua Freitas de Castro, por onde entravam os presos e desapareciam os torturados durante a noite, fora do horário de atendimento ao público no setor de trânsito.
Outra manhã, Rui chegou com a notícia de última hora de que alguém acusado de desfalque fugira para o Uruguai. Enquanto redigia, ele comentou: “O cara tem o teu mesmo sobrenome.” Antoninho ficou pálido e nada disse. Corrigiu a matéria, diagramou na página, mandou para a oficina para impressão e se levantou com lágrimas nos olhos. “Vou sair mais cedo”, disse. Foi um corre-corre para suspender a publicação quando descobriram que o suspeito era irmão do editor que havia baixado a matéria, profissional acima de tudo, apesar da enorme dor pessoal. Quando o meu irmão foi assassinado, em 1974, procurei ter o mesmo comportamento. É duro. Não é para os fracos.
Figura mitológica da reportagem policial naquela época foi Erni da Cruz Quaresma, que mora há décadas nos Estados Unidos. Originário da Folha da Manhã, ele chegou a fazer plantão da madrugada na Folha da Tarde para ganhar hora-extra. Com uma formação de esquerda, mas crítico dos inconseqüentes e mordaz com a direita, Quaresma possuía fontes na Polícia Federal. Ficava louco quando era surpreendido por uma notícia da qual não tinha conhecimento. Batia a cabeça, coçava os cabelos e a barba, mastigava as palavras, como se tentasse digerir a informação. Fazia contatos e logo aparecia com novos dados e conexões. Quaresma tinha um texto reflexivo, formal, chegou a chefe da sucursal de O Globo em Porto Alegre. Sua maneira de escrever era muito diferente das minhas reportagens na Folha, envolventes, hilárias e sentimentais, mas foi um dos meus maiores parceiros no jornalismo policial. Quando a FM titubeava em publicar alguma matéria dele, levava para o González. Sabia que ele divulgaria.
Nossa equipe também teve o Delmo, um rapaz franzino, de gestos suaves. Fazia plantão da madrugada e o sereno parecia mantê-lo em constante resfriado. Sua voz foi sumindo aos poucos. Vai ao médico ver esta garganta, todos aconselhavam. Um dia, quase de repente, morreu de câncer generalizado. O último foco lhe atingiu as cordas vocais. Passaram-se 40 anos e eu ainda me lembro com saudades de seu riso maroto. Ele foi substituído pelo Celso Rosa, um boa-vida. Magro, loiro, pele bem clara, capaz de corar com facilidade no rosto e no pescoço, gestos combinados, era bonito e sedutor.
Rui Carvalho foi promovido a pauteiro do jornal e González selecionou seu substituto: o padre Edézio. Sim, padre. Nos primeiros plantões ainda estava concluindo o seminário e o curso de jornalismo, mas logo fez votos de pobreza, obediência e castidade, e continuou entrevistando criminosos, delegados, prostitutas e vítimas no plantão da Área Judiciária. A objetividade, veracidade, responsabilidade social e neutralidade do jornalismo, firmados em seu juramento na faculdade, conviviam em seu texto com os preceitos de compaixão e perdão da religiosidade. Era tudo que o González podia almejar de um repórter. Exultava.
As pessoas que não conseguem entender as contradições de Antônio González não se convencem da ambiguidade humana. Conservador por formação humana, política e nas relações sociais, católico anárquico, “temente a Deus”, como sempre dizia em tom jocoso, se mostrava intransigente na defesa do jornalismo. Nenhuma ideologia o limitava. Era radical na resistência pela liberdade da informação, apesar de ser mais de centro, quase de direita, nunca de esquerda. Jamais iria distorcer e manipular a realidade em nome de estratégicas políticas.
Paralelo ao seu trabalho em redações de jornais, González também se dedicou ao magistério com o mesmo carisma e entusiasmo. Egresso das primeiras turmas graduadas em Jornalismo na PUC de Porto Alegre, ele fez o curso de 1957 a 1959. Logo se transformou em professor, coordenador do Curso de Jornalismo e depois diretor da Faculdade de Comunicação Social durante 18 anos, com capacidade de liderança, respeito e lealdade, sem nunca deixar de dar aula, até sua aposentadoria em 1994 por problemas de saúde. Sob seu comando, transformou a Famecos em marca nacional no ensino da comunicação, como referência na formação de profissionais para o mercado. Chegava para dar aula com todos os jornais do dia e procurava apresentar o conteúdo a partir das últimas informações e como a imprensa as tratou. Eventualmente gago, compensava a dificuldade em articular uma palavra acrescentando “as” antes. Meu professor com muito orgulho; lembro-me dele dizendo “as-retrancas” no lugar de retrancas. Cigarro e giz na mão, ele enchia todo o quadro verde com círculos, setas e uma letra miúda. Aprendi com ele a tratar os alunos com educação, simpatia e parceria. Eles são, de certa forma, nossa efêmera eternidade pela transferência cognitiva. Na faculdade, ainda procuro manter viva a maneira como González se comportava e via o mundo: contraditório, polêmico, responsável, cumpridor de tarefas, encarando as agruras e dogmas com espírito crítico, ironia e humor. Para as meninas, ele tinha um sorriso especial.
Inquieto, elétrico, com inúmeras atividades a cumprir, em seu único dia de folga no jornal e na PUCRS, González dava aula na Unisinos, em São Leopoldo, no sábado pela manhã, e à tarde na Federal de Santa Maria. Percorria a distância de mais de 300 quilômetros entre as duas universidades de carro, sozinho, invariavelmente em alta velocidade. Tanto esforço que o coração arrefeceu. Colocou cinco pontes de safena, sem deixar de fumar e beber uísque. Aposentou-se por imposição médica. Em seu último ano, criou um dos primeiros cursos de pós-graduação em Comunicação Social no país e o laboratório de jornalismo digital. Visionário, ele foi dos primeiros a perceber que a academia tinha também um papel intransferível de reflexão, pesquisa e investigação científica, além da formação para o mercado em constante aperfeiçoamento e atualização.
González ainda dedicou-se a atividades nas representações profissionais. Dirigiu o Sindicato dos Jornalistas de Porto Alegre e morreu no cargo de presidente da Associação Riograndense de Imprensa (ARI). Também foi juiz classista, representante dos empregados na Justiça do Trabalho. Perdeu o único imóvel que possuía, o apartamento na Quintino, por ter sido fiador da Cooperativa dos Jornalistas. Olhos negros penetrantes e lábios de Marlon Brando, ele deixou uma marca no jornalismo e no ensino de comunicação no Brasil. Um pouco além da efêmera passagem dos mortais. Morreu em 1996, aos 58 anos, apenas dois anos depois de se aposentar e deixar a direção da Famecos. O coração parou. Sem a agitação louca não tinha graça viver. (Tibério Vargas Ramos, agosto 2015)