Inauguração de Colégio no interior do município em sua gestão como prefeito de Alegrete (Arquivo Família)
Eduardo Vargas como prefeito de Alegrete no desfile militar de 7 de setembro de 1955 na frente do Monumento de Expedicionário, na Praça Getúlio Vargas (Foto Família)
Da Redação
Eduardo Vargas nasceu em 2 de outubro de 1893, na localidade denominada Rincão da Chácara, no município de Alegrete, RS, Brasil.
Filho mais velho de Abel Vargas e Alzira dos Santos Vargas, primos-irmãos, que tiveram doze filhos, sendo onze homens e apenas uma filha mulher, Aida.
Foi criado no campo até a idade de 15 anos, quando a família veio para a cidade a fim de dar instrução escolar aos filhos. Estabeleceram-se numa chácara, na entrada de Alegrete, proximidades do Cemitério. Eduardo passou a frequentar a escola particular de Cassiano de Assis Pacheco, que mais tarde viria a ser seu sogro.
Em 1915, iniciou suas atividades como ajudante de notário no Primeiro Tabelionato, mais tarde prestou concurso e foi nomeado primeiro notário, cargo que exerceu até o fim da vida.
Em 24 de julho de 1918, casou-se com Odith Pacheco, tiveram três filhos. Uma menina morreu ainda pequena, como era comum naquela época, e os outros dois foram professora Conceição Vargas Ramos e o advogado Jairo Vargas.
No dia 14 de fevereiro de 1927, o tabelião comprou a casa 74 da Rua Mariz e Barros, no centro. Fez uma completa reforma no antigo prédio, dotando de paredes altas e garagem. Comprou um automóvel. Lá residiu até o final de sua vida, com um enorme pátio com jardins, árvores frutíferas, perus, marrecos, galinhas e uma horta.
Eduardo foi prefeito de Alegrete de 1952 a janeiro de 1956, um ano antes do centenário de emancipação do município. Na sua gestão foram construídas várias escolas na cidade e na campanha. Ruas foram calçadas e novos bancos chegaram a Alegrete, em especial a Caixa Econômica Federal, que lhe deu a conta 0001. Comprou o primeiro rolo-compressor e tonéis de piche para que começasse o asfaltamento da cidade, para as comemorações do Centenário, em 1957, já na administração de seu sucessor, Waldemar Borges, secretário do governo, do mesmo partido, produtor rural e primeiro prefeito negro.
Pela primeira vez, em sua gestão, Alegrete teve um concurso municipal para professores, aceitando a inscrição de pessoas especiais.
Ele frequentava a Igreja Metodista, sempre na companhia da dona Odith, onde casaram a filha Conceição com o aviador, instrutor de voo, jornalista e funcionário público Gaudêncio Machado Ramos, pioneiro da aviação na cidade, hoje nome do Aeroporto Federal de Alegrete. A Igreja Católica promoveu uma romaria nacional da imagem de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, e o pároco local foi à Prefeitura convidar Eduardo Vargas a participar da cerimônia, coroando a imagem, diante de uma multidão, na frente da Igreja Matriz. “Sei que o senhor é metodista, seu Eduardo, mas gostaria de sua presença”, ressalvou o padre. “Eu sou metodista, sim, mas o prefeito de Alegrete estará presente”, e cumpriu a promessa.
Eduardo Vargas foi um homem justo, mediador, sempre procurava ver o lado positivo das pessoas. À frente do seu tempo, foi um defensor dos direitos das mulheres.
Com apenas 65 anos, Eduardo Vargas faleceu em 18 de setembro de 1958, após um derrame que o deixou em coma no hospital de Caridade de Alegrete por uma semana.
Em 1962, foi inaugurada a Escola do Ensino Fundamental Eduardo Vargas. O nome do colégio, em homenagem ao ex-prefeito, foi proposto pelo vereador Eroni Nogueira Carús, aprovado por unanimidade pela Câmara de Vereadores e sancionado pelo prefeito Joaquim Fonseca Milano, que era adversário político de Vargas, mas seu fraterno amigo.